As práticas educativas ambientais estão cada vez mais presentes no âmbito escolar (que bom!). No Brasil, são garantidas para o ensino formal por diversas diretrizes: Política Nacional de Meio Ambiente (1981), Constituição Federal Brasileira (1988), Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), entre outras. Seus documentos legais mais específicos são a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/1999) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (2012). Recentemente (2017), a Base Nacional Comum Curricular trouxe como uma de suas dez competências gerais “defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta” (p. 9). A legislação mais recente e abrangente para a educação brasileira, nossa Base, orienta práticas educativas que se desenvolvem também no contexto local!
Embora exista esse consistente embasamento orientador para a educação ambiental, de fato ela é bastante heterogênea. Aliás, o que é recorrente nas diferentes áreas educativas, pois, considerando o ensino formal, há uma diversidade muito grande de contextos socioambientais, de formação e concepções docentes, de infraestrutura, e dos próprios estudantes. Considerando que a aprendizagem deles deve estar no centro da ação pedagógica, é premissa básica, inclusive, que estas práticas educativas possam ser diversificadas, atendendo às mais variadas necessidades de cada turma e estudante. Deste modo, a educação ambiental não é uma, mas várias. Ainda que existam pressupostos orientadores, não podemos mais generalizar a área: são muitos contextos locais, muitos indivíduos envolvidos e muitas práticas educativas ambientais (abordarei essa diversificação em maior profundidade em outros textos).
No entanto, apesar de toda essa (positiva) diversidade, uma concepção que me parece bastante clara é de que a educação ambiental não é um fim - ela é um caminho. À medida que aprofundei minha pesquisa e estudos sobre a educação ambiental, observei que as práticas mais fortalecidas são aquelas com continuidade e permanência, caminhos percorridos por estudantes e professores! A permanência da educação ambiental, inclusive, é um dos seus princípios legais.
E caminho é desenvolvimento! É um fazer docente bem apropriado das dinâmicas socioambientais, com intencionalidade pedagógica, comprometido de fato com a sustentabilidade, em toda sua complexidade. Talvez o “retomar constantemente” seja uma marca característica desse caminho. Alguns colegas dizem que a educação ambiental vai “a passo de formiguinha”, mas que sejamos formigas valentes! Persistentes! A aprendizagem, por si própria, carece de retomadas, repetições, reforços, revisões - não seria diferente nas práticas educativas ambientais.
Descobri os Espaços Educadores Sustentáveis como uma alternativa para percorrer o caminho da educação ambiental, a qual vem sendo discutida, especialmente, na última década. Estes espaços escolares possuem intencionalidade pedagógica para serem referências, em termos de sustentabilidade socioambiental, para as comunidades onde estão inseridos (integrando a infraestrutura, a gestão e a proposta curricular, sob a luz da sustentabilidade). As Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental orientam que as instituições de ensino constituam-se desta maneira - farei um texto especial para discutir estes espaços e suas possibilidades. O fato é que quando as escolas decidem percorrer o caminho da educação ambiental, algumas ações precisam estar presentes e institucionalizadas nesses espaços. Os anos letivos seguem, os estudantes se renovam, mas percebem neste movimento que na sua escola os resíduos são separados e enviados à coleta seletiva, se faz a compostagem dos orgânicos, alguns vegetais são cultivados, reaproveita-se a água da chuva. Eles reconhecem essas práticas em seu cotidiano, nos diferentes tempos escolares - é possível, é concreto, é local.
Por ser caminho, entendo que a educação ambiental se movimenta, é resiliente às mudanças e se adapta, avançando, recuando se for preciso, retomando quando possível. Admiro cada colega que se aventura nesse caminho, nem sempre fácil, mas recompensador. É um caminho que seguimos, enquanto educadores ambientais, “semeando”, “colhendo” o que outros colegas já semearam, tranquilos que as nossas sementes, no tempo e condições adequadas, vão germinar! Caminho que começa no local, nos primeiros passos, na nossa casa, nossa escola, no nosso bairro. Quem sabe onde nossas sementes podem chegar? Que a gente nunca perca a vontade de caminhar, semeando!!
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