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Educação Ambiental: um caminho a percorrer

  • Foto do escritor: Vanessa Schweitzer dos Santos
    Vanessa Schweitzer dos Santos
  • 4 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de set. de 2020

"Saiu o Semeador a semear

Semeou o dia todo

e a noite o apanhou ainda

com as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilo

sem pensar na colheita

porque muito tinha colhido

do que outros semearam”. Cora Coralina



As práticas educativas ambientais estão cada vez mais presentes no âmbito escolar (que bom!). No Brasil, são garantidas para o ensino formal por diversas diretrizes: Política Nacional de Meio Ambiente (1981), Constituição Federal Brasileira (1988), Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), entre outras. Seus documentos legais mais específicos são a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/1999) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (2012). Recentemente (2017), a Base Nacional Comum Curricular trouxe como uma de suas dez competências gerais “defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta” (p. 9). A legislação mais recente e abrangente para a educação brasileira, nossa Base, orienta práticas educativas que se desenvolvem também no contexto local!


Embora exista esse consistente embasamento orientador para a educação ambiental, de fato ela é bastante heterogênea. Aliás, o que é recorrente nas diferentes áreas educativas, pois, considerando o ensino formal, há uma diversidade muito grande de contextos socioambientais, de formação e concepções docentes, de infraestrutura, e dos próprios estudantes. Considerando que a aprendizagem deles deve estar no centro da ação pedagógica, é premissa básica, inclusive, que estas práticas educativas possam ser diversificadas, atendendo às mais variadas necessidades de cada turma e estudante. Deste modo, a educação ambiental não é uma, mas várias. Ainda que existam pressupostos orientadores, não podemos mais generalizar a área: são muitos contextos locais, muitos indivíduos envolvidos e muitas práticas educativas ambientais (abordarei essa diversificação em maior profundidade em outros textos).


No entanto, apesar de toda essa (positiva) diversidade, uma concepção que me parece bastante clara é de que a educação ambiental não é um fim - ela é um caminho. À medida que aprofundei minha pesquisa e estudos sobre a educação ambiental, observei que as práticas mais fortalecidas são aquelas com continuidade e permanência, caminhos percorridos por estudantes e professores! A permanência da educação ambiental, inclusive, é um dos seus princípios legais.


E caminho é desenvolvimento! É um fazer docente bem apropriado das dinâmicas socioambientais, com intencionalidade pedagógica, comprometido de fato com a sustentabilidade, em toda sua complexidade. Talvez o “retomar constantemente” seja uma marca característica desse caminho. Alguns colegas dizem que a educação ambiental vai “a passo de formiguinha”, mas que sejamos formigas valentes! Persistentes! A aprendizagem, por si própria, carece de retomadas, repetições, reforços, revisões - não seria diferente nas práticas educativas ambientais.


Descobri os Espaços Educadores Sustentáveis como uma alternativa para percorrer o caminho da educação ambiental, a qual vem sendo discutida, especialmente, na última década. Estes espaços escolares possuem intencionalidade pedagógica para serem referências, em termos de sustentabilidade socioambiental, para as comunidades onde estão inseridos (integrando a infraestrutura, a gestão e a proposta curricular, sob a luz da sustentabilidade). As Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental orientam que as instituições de ensino constituam-se desta maneira - farei um texto especial para discutir estes espaços e suas possibilidades. O fato é que quando as escolas decidem percorrer o caminho da educação ambiental, algumas ações precisam estar presentes e institucionalizadas nesses espaços. Os anos letivos seguem, os estudantes se renovam, mas percebem neste movimento que na sua escola os resíduos são separados e enviados à coleta seletiva, se faz a compostagem dos orgânicos, alguns vegetais são cultivados, reaproveita-se a água da chuva. Eles reconhecem essas práticas em seu cotidiano, nos diferentes tempos escolares - é possível, é concreto, é local.


Por ser caminho, entendo que a educação ambiental se movimenta, é resiliente às mudanças e se adapta, avançando, recuando se for preciso, retomando quando possível. Admiro cada colega que se aventura nesse caminho, nem sempre fácil, mas recompensador. É um caminho que seguimos, enquanto educadores ambientais, “semeando”, “colhendo” o que outros colegas já semearam, tranquilos que as nossas sementes, no tempo e condições adequadas, vão germinar! Caminho que começa no local, nos primeiros passos, na nossa casa, nossa escola, no nosso bairro. Quem sabe onde nossas sementes podem chegar? Que a gente nunca perca a vontade de caminhar, semeando!!


 
 
 

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