21 de setembro - Dia da Árvore
- Vanessa Schweitzer dos Santos
- 21 de set. de 2024
- 5 min de leitura
No Brasil, celebra-se o Dia da Árvore em 21 de setembro, uma data próxima ao início da primavera. No hemisfério sul, a estação das flores começa geralmente entre os dias 21 e 23 de setembro. As árvores são seres vivos incríveis, fonte de alimento, oxigênio e abrigo para diversos outros seres vivos!
Existem muitas campanhas e programas de incentivo à arborização, inclusive urbana. As árvores auxiliam na regulação do clima, favorecem o controle térmico e permitem que diversas espécies de animais coexistam nas cidades, obtendo abrigo e alimento em seus galhos, troncos e raízes. Geralmente, as árvores nativas são utilizadas nesses programas, pois podem fornecer alimento mais adequado aos animais também nativos, sobretudo as aves. Em muitas cidades é possível obter as mudas destas árvores nativas gratuitamente, a partir de iniciativas relacionadas ao licenciamento e a compensação ambiental. Nos parques e praças públicas, tornam-se mais um elemento para oportunizar a interação com a natureza, tão necessária nas grandes cidades de concreto e asfalto (Figura 1).

Figura 1: árvores nativas do sul do Brasil, em parque urbano. Fonte: a autora.
Em espaços educativos, como é o caso das escolas, tão importante quanto a presença de flora nativa, é a observação dos aspectos ambientais e de desenvolvimento das plantas em si. Cultivando árvores frutíferas nos espaços escolares, é possível observar diversos elementos da educação ambiental. Por isso, na EMEB Jorge Ewaldo Koch, optou-se, em 2023, por fazer o plantio de cinco árvores frutíferas, mas que não são nativas.
A escola, localizada em Novo Hamburgo/RS, ocupa uma área de aproximadamente meio hectare, inserida entre duas quadras de um bairro residencial bastante urbanizado. O próprio símbolo da escola é uma árvore de ipê roxo, que ainda vive, após 74 anos do seu plantio, na data de inauguração da instituição (Figura 2). Além deste, outros seis pés de ipê fazem parte da cobertura vegetal da área, juntamente com árvores de araucária, pitangueira, entre outras, todas elas nativas da região sul do país. A araucária, inclusive, é utilizada nas propostas de educação ambiental, no período de final de ano, como já apresentado em outro texto do Blog Agir Localmente: Então é Natal, e o que você fez? Celebrei gerando o mínimo possível de impacto (clicar no título para acessar).
Figura 2: árvore símbolo da EMEB Jorge Ewaldo Koch. Fonte: EMEB Jorge Ewaldo Koch e a autora.
Um aspecto importante do plantio das árvores, e que nem sempre ganha espaço nas dicussões a respeito da arborização urbana, é a necessidade de cuidado e manejo adequado das árvores jovens. Na escola Jorge Ewaldo Koch, o cuidado das jovens plântulas começou durante o seu plantio, que sempre foi realizado junto às crianças. É a lógica do cuidado com aquilo que é seu, que lhe pertence. Assim, não houveram acidentes ou situações de depredação das pequenas plantas. Dificilmente alguém destrói aquilo que ajudou a construir (ou plantar)!
Foram colocadas estacas de madeira para guiar/orientar o crescimentos das árvores, mantendo, assim, sua estrutura mais firme e adequada ao espaço em que foram plantadas. Estacas de madeira, para proteção, também foram colocadas ao redor das mudas, e são ajustadas ao espaço de crescimento, sempre que necessário.
Todas essas ações são feitas na presença e, quando possível, com as crianças auxiliando. As estacas de proteção são muito mais relacionadas ao processo de roçada da grama, do que para evitar que as crianças cheguem perto das plântulas (Figura 3). A rega periódica, a adubação frequente e a cobertura do solo com folhas secas, para manter o mesmo úmido, também fazem parte da lógica do cuidado, ou manejo, das joves árvores.

Figura 3: estaca guia e estacas de proteção para as plantas jovens. Fonte: a autora.
Não pode-se deixar de registrar os diversos aspectos ambientais que podem ser abordados na educação ambiental, quando se opta pela arborização com frutíferas! É possível acompanhar a ciclicidade das estações do ano, por meio das folhas, brotos, flores e frutos. O papel dos polinizadores fica evidente quando observa-se o movimento de abelhas, vespas e outros insetos no período de floração. Além disso, é possível criar com as flores que caem naturalmente, afinal, esse processo também faz parte do desenvolvimento dos seres vivos (Figura 4).
Figura 4: criando com flores de ipê recolhidas do pátio. Fonte: a autora.
O desenvolvimento dos frutos, em si, é uma aula à parte. Como demora pra crescer, para a florzinha se transformar em fruta! E o tempo que se espera para amadurecer! Por vezes, alguém acaba colhendo as frutinhas ainda verdes, por curiosidade mesmo. Mas isso também faz parte das aprendizagens! E diante do tempo da espera, pode-se dialogar a respeito do desperdício de alimento - algo que leva tanto tempo para ficar maduro, não pode ser desperdiçado por simples capricho! Isso sem falar nos momentos de degustação do que foi colhido na escola, que é uma experiência deliciosa (Figura 5)! Por vezes, também é preciso dividir com os pássaros (Figura 6)!
Figura 5: da flor ao fruto, uma espera pelo tempo da natureza. Fonte: a autora.

Figura 6: os pássaros também se alimentam de frutas. Fonte: a autora.
Como se não bastassem tantos bons motivos para aproveitar das árvores para as práticas educativas ambientais, ainda pode-se abordar seus aspectos ecológicos, que permitem não apenas o funcionamento dos pequenos ecossistemas, como o interior de uma bromélia, quanto dos gigantescos biomas que conhecemos, mas também promovem a manutenção da vida na Terra, a partir da fotossíntese.
O livro "A vida secreta das árvores", de Peter Wohlleben, aborda essas propriedades incríveis das árvores e é uma leitura que pode auxiliar muito nas propostas de educação ambiental. Tem uma relação direta com a máxima de "pensar globalmente e agir localmente".
"Por que as árvores são seres tão sociais? Por que compartilham seus nutrientes com outras da mesma espécie e, com isso, ajudam suas concorrentes? Os motivos são os mesmos que movem as sociedades humanas: trabalhando juntas elas são mais fortes. Uma única árvore não forma uma floresta, não produz um microclima equilibrado; fica exposta, desprotegida contra o vento e as intempéries. Por outro lado, muitas árvores juntas criam um ecossistema que atenua o excesso de calor e de frio, armazena um grande volume de água e aumenta a umidade atmosférica – ambiente no qual as árvores conseguem viver protegidas e durar bastante tempo. Para alcançar esse ponto, a comunidade precisa sobreviver a qualquer custo. Se todos os espécimes só cuidassem de si, grande parte morreria cedo demais. As mortes constantes criariam lacunas no dossel verde. Com isso, as tempestades penetrariam a floresta com mais facilidade e poderiam derrubar outras árvores. O calor do verão ressecaria o solo. Todos os espécimes sofreriam. Assim, cada árvore é valiosa para a comunidade e deve ser mantida viva o máximo de tempo possível" (WOHLLEBEN, 2017).
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